O Primeiro Canto













Deixo aqui neste espaço uma pequena parte deste capítulo.


15 DE JUNHO 2011
PARA:

ALUISIO ROCKEMBACH, LUIZ MARENCO, XIRU ANTUNES, CRISTIAN CAMARGO, SERGIO CARVALHO PEREIRA, LUCIANO FAGUNDES, DAVI MESQUITA, CICERO CAMARGO.

Escrevo este email motivado pelo meu amigo Cristian Camargo.

O Primeiro Canto.

Amigos.


         Hoje fizemos o último ensaio antes da 19ª Sapecada, estaremos no palco juntos Cristian, Xirú, Marenco, Luciano, Aluísio, Davi, Cícero e Sérgio. Percebam-nos, enxerguem-nos!

        Quando recebi este tema do Sérgio a pedido do Marenco, não imaginava que pudesse corresponder à altura, e devolver um trabalho capacitado nesta linha, até hoje creio que apenas veio através de mim, fui um instrumento usado por uma força maior para tal. Lembro numa Coxilha há 2 anos atrás quando mostrei o esboço de uma melodia ao Cristian, eu estava muito desconfiado do rumo que tinha tomado e pedi a opinião do Cristian que me disse que estava no rumo certo, dali em diante segui em frente e consegui terminá-la.

       Senti então, que precisava das melhores pessoas à minha volta para levá-lo junto comigo e escolhi cada um de vocês, pelos motivos mais variados é verdade, pelo coleguismo, pela amizade, pela sinceridade, pela seriedade, pela irmandade, profissionalismo...mas principalmente por uma qualidade comum à todos: o respeito que todos tem por si mesmos, naturalmente é algo que se estende ao próximo, e é isso que estou recebendo de vocês hoje.

       Escolhi vocês pra estarem ao meu lado nesse momento que julgo realmente importante, pois acredito em mim, nas minhas raízes e nos valores que ganhei dos meus pais, e esses valores que cada um de vocês trouxe de casa são o motivo de nos encontrarmos hoje neste cenário, nesta música, naquele palco, nesta passagem.

       Quero que estejamos todos bem, plenos pra levar adiante esse trabalho, viver essa ocasião da melhor maneira e peço um pouco da luz de cada um emprestada, agradeço ter pessoas como vocês à minha volta, em quem posso confiar, não apenas por mim, sei que darão o melhor por vocês mesmos, por quererem ser pessoas cada vez melhores.
   
       Obrigado por acreditarem em algo de bom, pois tenho certeza que se fosse diferente não estariam aqui comigo.

       No final das contas o resultado das coisas nem sempre é o que contará, e sim a maneira como passamos por elas, isso é o que perdurará.




        Muito Obrigado desde já e de qualquer forma.


RESPOTAS:16/06

SERGIO CARVALHO_Que bonita tua iniciativa! Senti em tuas palavras, tão claras e cinceras neste texto, que , como compositor, também eu agradeci a cada um dos nossos amigos (de jornada no mundo da arte e de passagem por este tempo) por estarem emprestando, dando, sua energia criativa, e o melhor de suas virtudes, para que tenhamos, ao final de mais esta cruzada, a alegria de havermos feito algo digno. Um abraço amigo. Eu já sabia,sempre soube, mas depois de  escutar-te , por este texto, mais se fortalece a minha certeza de que foi uma dádiva haver te convidado para parceiro.
Sérgio Carvalho Pereira


CICERO CAMARGO_  17/06

Bonito, Beto.
E gracias pelo convite, me sinto honrado de estar entre pessoas (e músicos) que admiro.
Com certeza faremos o melhor que for possível lá!

Abração!


XIRU ANTUNES_17/06
Realmente fiquei emocionado com este email qie recebi, me sinto honrado e também sensivelmente premiado por estar fazendo parte desta obra,acredito que as coisas feitas com honestidade e espirito sempre alcançam algo de bom, gracias a ti meu amigo, um abração, se encontramos no palco.


Gravação do CD da 19ª Sapecada da Canção
















MANIFESTO MUSICAL



             Nos idos de 97 ou 98, enquanto eu ainda engatinhava no meio musical dos festivais sul-riograndenses, lembro bastante bem de chegar a diversas rodas de músicos, como ainda hoje, e verificar meus colegas conversando sobre as linhas melódicas de improvisação do Jazz ou sobre a harmonia da Bossa Nova ou do Ivan Lins, ou sobre o Paco de Lucia e o John McLaughlin. Lembro que, pela necessidade de socialização e espírito gregário inerente ao ser humano, que necessita ser aceito pelos membros de seu clã, também gastei horas conversando e discutindo esses assuntos. Porém, nunca me detive muito escutando essas músicas, pois escuto diariamente o folklore crioulo, entendendo-se isso como a música do gaúcho rio-platense em todas as suas manifestações e bandeiras, desde o sul do Paraguay, passando pela Argentina, Uruguay, Rio Grande do Sul e certas regiões do Chile: a música de nossos antepassados.

Sempre me coloquei junto ao meio e perante meus colegas, como um músico e compositor muito resumido (como realmente sou), em que a perseverança e o afinco prevalecem em muito sobre o talento. Porém, tenho consciência que mesmo sem entender-me como uma autoridade no assunto, conheço razoavelmente bem os ritmos e bases
históricas da música e poesia de meus antepassados. Notem que nem de longe me coloco como um “dono-da-verdade”.
Refletindo ainda sobre o assunto: o meio poético-musical dos festivais do nosso estado é de cunho essencialmente folklorico (pelo menos isso é o que rezam os regulamentos de 99% desses eventos), porém, o que vemos em seus palcos, não corrobora com esse percentual. Digo isso com conhecimento de causa, pois iniciei nesse meio há mais de 20 anos.
Com isso, pergunto: seremos, alguns poucos mentecaptos, os errados em cultivar a música de nossos antepassados, aplicando a ela a originalidade de nossos dias e as influências a que somos submetidos pelo meio em que vivemos (expressão máxima do folklore)? Até quando seremos os “quadrados” ou “os de boina” ou os “das nazarenas, chiripás e tolderias”, como somos rotulados por alguns “experts” em música alienígena, e que muitas vezes nos julgam, mas que botam a panela na mesa graças ao dinheiro oferecido pelo meio musical onde deveria prevalecer a verdadeira cultura do gaúcho?
Graças a Deus, não sinto mais vergonha e nem me sinto rebaixado em uma roda de músicos quando discutem o último disco do Chico Buarque ou as harmonias do Ivan Lins. Com todo respeito a meus colegas, esses imensos artistas da música brasileira não tocam a Cifra, a Vidalita e o Estilo Pampeano. O Paco de Lucia não saberá tocar uma Milonga “desencontrada” como faziam o Cafrune ou o Yupanqui. E nem o Art Vam Damme ou o Dominguinhos vão tocar chamamé como o Raulito ou o Montiel. Muito menos a Maria Gadu e o Caetano saberão cantar como se deve uma “Chamarrita de Galpão” ou “Funeral de Coxilha”. Uma ressalva: sou fã e escuto o Chico Buarque, o Ivan Lins, o Paco, o Dominguinhos e o Art Vam Damme e adoro ver o Caetano e a Gadu cantando e tocando violão.
Não peço que os colegas não gostem ou neguem a música de artistas nacionais ou internacionais, quaisquer que sejam, mas que, pelo menos, reservem uma pequena parcela de seu tempo para entender e executar corretamente as bases rítmicas de seus próprios antepassados.
Termino esse desabafo com uma constatação: talvez seja por isso que nossa música não ultrapasse as fronteiras além de nossas próprias vaidades pessoais.
E, ao final desse manifesto, não dirigido especificamente a ninguém e ao mesmo tempo a todos, não me desculpo se ofendi alguém com minhas modestas opiniões. "Soy gaucho y canto opinando". A todos os que não gostam do que digo, por favor, dirijam-se ao final da extensa fila. E meus respeitos a todos os que, pelo menos, dignaram-se a refletir sobre o assunto.

Guilherme Collares
Bagé, 03 de junho de 2011

REFLEXÕES SOBRE O 51º FESTIVAL NACIONAL DE FOLKLORE DE COSQUIN-PROVÍNCIA DE CORDOBA-ARGENTINA


Em 21 de janeiro passado, consegui realizar um sonho de longa data acalentado desde muitos anos. Programamos, minha mulher e eu, nos fazermos presentes nesse festival de folklore, tão decantado como o mais importante da América Latina. Aproveitando um vôo direto da Gol, que sai de Porto Alegre  e vai até Cordoba, para lá fomos para desfrutar de "siete lunas" (o total, este ano, foi de "onze lunas")!
De Cordoba a Cosquín são 54 quilômetros por uma rodovia simples, bonita e pavimentada, que percorremos num carro locado. Em Cosquín, instalamo-nos num Hotel previamente agendado (Puerta del Sol), que, lamentavelmente, era de qualidade muito inferior e tivemos de conviver com isso.
Cosquín é uma pequena cidade (não mais do que 15 mil habitantes), mas que, nessa época, gravitam nela cerca de 40 mil pessoas, atraídas pelo espetáculo público do Festival e pelas festas que se desenvolvem em peñas públicas, privadas e nas ruas da cidade. Esta, localizada num vale entre montanhas de 700 a 1200 metros de altura, se transforma, a partir das 19 horas, numa festa popular, onde se respira música e dança, no embalo das zambas, chacareras, taquiraris, carnavalitos, cuecas e outros ritmos típicos. Em cada rua do centro da cidade, se reúnem, por quadra, pelo menos dois ou três grupos de música típica: e o povo - nós aí incluídos - dança e se diverte. É um espetáculo sui generis, porque dançam na via pública velhos, jovens e crianças de todas as idades. O impressionante é que para ali acorrem argentinos das mais variadas regiões do País hermano, irmanados pelo mesmo sentimento "de amor a la tierra y a la musica gaucha".
O leito das ruas, a partir das 19 horas, fica praticamente intransitável, tal a concentração de pessoas assistindo os espetáculos de rua e as danças descompromissadas que ali se desenvolvem.
A organização do evento é um caso à parte. Simplesmente perfeita: pode-se comprar ingressos por antecipação, os lugares são numerados e os preços variam de acordo com a localização no local do evento (um auditório ao ar livre, com cerca de 4 mil lugares). Quando se chega no portão de entrada, cada espectador é conduzido por um atendente que o leva até o local exato do ingresso adquirido e só se senta na cadeira de fibra que lhe foi destinada depois que esse mesmo atendente limpa com esmero o assento e o encosto dela! A organização é tão perfeita que não há confusão, não há balbúrdia, não há atravancamento, sendo recomendável que cada festival nativista do nosso Rio Grande do Sul enviasse para lá um emissário para se abeberar de como se faz um evento dessa natureza.
Bem, agora, vamos aos espetáculos principais que se realizam em cada uma dessas onze noites, no auditório Atahualpa Yupanqui, localizado na Plaza Prospero Molina. Antes de qualquer outra coisa, vale destacar o som e a iluminação ali reinante: simplesmente maravilhosos. Coisa de profissionais que realmente entendem do metier. Nesse palco multicolorido, além das danças típicas, de excepcional beleza plástica e de uma força incrível, que a todos contagia, desfilaram vários monstros sagrados do folklore latino-americano, com predominância dos argentinos (Victor Heredia, Cesar Isella, Argentino Luna, León Gieco, Antonio Tarragó Ros, Luis Salinas, Soledad Pastorutti e outros), Los Olimareños (Pepe Guerra y Braulio Lopes - Uruguay), bem como nomes menos conhecidos de nós rio-grandenses, mas quase todos de qualidade excepcional. Cito-os, porque merecem ser lembrados e para que se anotem os nomes: Cláudia Piran (uma anã de voz potentíssima, uma verdadeira máquina de cantar, que levou o público ao êxtase, ao interpretar a Ave-Maria de Schubert); Juan Falú (excelente compositor e intérprete), Peteco Carabajal (idem, idem), Mariana Cayón (uma bela morena, provavelmente de ascendência índia, que toca flauta (quena) como poucos); Intilimani (grupo vocal de grande qualidade); Duo Ballieto Vitale (duo instrumental fora de série); Los Guitarreros (grupo vocal muitíssimo além da conta, que conta com apoio instrumental de músicos de exceção. As vozes desse quarteto são individualmente diversificadas e o resultado da combinação delas é simplesmente impressionante, deixando no olvido qualquer daqueles grupos notórios, como Los Chalchaleros, Los Fronterizos, Los Tuco-tuco e outros); Los Nocheros (outro quarteto vocal maravilhoso que vai na esteira do anterior, qualidade excepcional); Los Carabajal (grupo vocal com 40 anos de existência e já com formação renovada, pelo desaparecimento de alguns de seus integrantes originários. Tudo que se falar sobre chacareras há que se passar por esse grupo); Trio MJC (grupo instrumental de qualidade superior); Opus 4 (grupo vocal masculino de meia idade, pouco conhecido entre nós, mas de qualidade além da conta); Franco Luciani (um jovem gaitista, que arrancou frenéticos aplausos do público presente); Rally Barrionuevo (jovem cantor e compositor de temática romântica, de qualidade excepcional: violonista e intérprete de primeira linha, simpatia e carisma indiscutíveis, arrancou suspiros da platéia feminina que, salvo engano, predominava no auditório. Bisou três vezes e o público não queria que ele encerrasse sua participação. Creio ter tido, ao lado de Teresa Parodi, Los Guitarreros e Los Nocheros, o desempenho mais rutilante de todo o evento (pelo menos nas siete lunas em que nos fizemos presentes).
De tudo isso que assistimos, permito-me fazer alguns comentários que julgo convenientes trazer para a nossa aldeia rio-grandense. Causou-nos certa decepção o fato de, nesses espetáculos oficiais, não termos visto nenhum cantor ou grupo vocal envergando a indumentária típica, "gaucha". Tratando-se um festival de música "gaucha", tal omissão pareceu-nos reprovável. Bem sei que o folklore argentino é diferenciado: Ariel Ramirez, de formação clássica, enveredou no folklore argentino, tocando piano e cravo, vestido de smooking. Mas foi um caso praticamente isolado, às vezes seguido por Eduardo Falú e pelo grande charanguista Jaime Torres.
Mas se isso a nosso ver foi contraproducente, merece os mais acalorados elogios a temática literária utilizada pela quase totalidade dos nomes que desfilaram nessas considerações: as abordagens foram românticas (a grande maioria), houve inúmeros cantos de amor à terra ou a locais paisagísticos de apreciável interesse público, bem como sobre os ancestrais e personalidades que, de alguma forma, se notabilizaram no cenário de "la tierra", fossem elas ainda vivas ou já desaparecidas; houve também abordagens sobre os problemas de natureza social. Por outro lado - o que me parece de suma importância - não houve, em momento algum (pelo menos no palco oficial) nenhuma canção cuja letra falasse em cavalo, em aporreados, em égua xucra, em gineteadas, em touros bravos ou em lides campesinas)!  Julgo que isso seja um exemplo para nós, porque, a despeito de nossa música nativista haver evoluído consideravelmente, não há como negar que "nuestros hermanos" ainda estão, pelo menos, cerca de 20 a 25 anos na nossa frente. Não tenho cansado de dizer que a nossa abordagem romântica é pequena, mais parecendo que o nosso gaúcho não ama. Nossa temática romântica é esparsa, merecendo ser incrementada, não havendo motivos para que tenhamos receio de enfrentar essa abordagem. De outra parte, nosso Estado, que já foi o celeiro do Brasil, apresenta tantos problemas (ouso citá-los: safras frustradas, estiagens, enxurradas, desmatamentos que geram desertos, assoreamento dos rios, o problema das comunidades indígenas, o êxodo rural, que ainda persiste; e agora um problema inverso: o citadino que, temente da insegurança dos grandes centros, compra uma fração de terra para tentar viver dela e... se frustra, porque, não dispondo de conhecimentos para lidar com ela, faz com que tudo acabe dando errado); pelo que merecem tais problemas ser abordados pelos nossos letristas (o problema está neles), porque, salvo rotundo engano de minha parte, cresceram a qualidade dos intérpretes, dos instrumentistas, dos melodistas e dos arranjadores. Isso não quer dizer que não tenhamos excelentes letristas. Claro que temos, mas me parece que grande parte das abordagens literárias está equivocada ou, numa palavra mais contundente, DESCOMPROMISSADAS.
Ficam aqui, portanto, essas considerações que julgo oportunas e para que, daqui pra frente, REFLITAMOS!

Marco Aurélio Vasconcellos



Público recorde em noite de nativismo e solidariedade


Fragmento do espetáculo, Querência Tempo e Ausência, Silêncio e Pedra, Dois Caminhos.


Mil e quinhentos itens entre alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza. Esse é o resultado do espetáculo “Primeiro Canto” de Luiz Marenco, que comemorou o aniversário de um ano do Programa Continente Pampa, da FURG FM, na noite de terça-feira, 05,no Campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande – FURG.

O público superou as expectativas e lotou o Cidec-Sul, com capacidade para 1200 pessoas.

Logo nas primeiras músicas, confessando o nervosismo e a ansiedade por voltar a cantar em Rio Grande, Marenco lembrou a primeira vez em que participou de um festival: na FURG, em 1985, cantando com o grupo Seiva da Terra, na Mostra Farroupilha de Nativismo, promovida pela RBSTV, no anfiteatro do Campus Cidade, nas comemorações do Sesquicentenário da Revolução Farroupilha.

Ele defendeu “Grito de Guerra” - uma das canções da noite - com letra de Sérgio Carvalho Pereira, apresentador e produtor do programa Continente Pampa, e música de Eduardo Pereira, servidor da FURG. A estreia foi vitoriosa e rendeu a participação no LP que reuniu os vencedores de todas as regiões de cobertura da RBSTV. Foi a primeira gravação em disco de Luiz Marenco.

Entre as memórias sobre a cidade, fez questão de partilhar com o público o tempo em que trabalhou de garçom no restaurante Tertúlia, no Balneário Cassino, quando iniciou a cantar com os músicos da casa Serginho e Nato, presentes na plateia.

Na noite de solidariedade e apego à música e poesia do sul, não faltou a homenagem de Marenco aos grandes parceiros como o eterno Jayme Caetano Braun, o próprio Sérgio, Gujo Teixeira e Eron Vaz Matos.

Os donativos serão repassados à Prefeitura de São Lourenço do Sul e ao comitê de Ação e Cidadania de Rio Grande. A FURG TV e FURG FM, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura agradecem aos que colaboraram.

Matéria retirada do site da FURG.


                                                                              Sérgio Carvalho e Família.

TÚNEL DO TEMPO

Aqui uma recomendação aos interessados em música folclórica e contemporânea, o disco Rompiendo la Red, Chango Farías Gomez y La Manija, 1994. Este disco, muito conhecido por poucos, para mim é até hoje uma fonte de inspiração, em arranjos, telurismo, concepção harmônica, quebrando muitos dos paradigmas impostos pelos gestores e formadores culturais do meu tempo . Um vídeo onde Chango arranja sua Alfonsina y el Mar, fusionado-a ao tema Tomara de Vinícius de Moraes.



De ponta à ponta

            Olhando o blog do meu amigo Pirisca Grecco, artista  de imenso talento por quem tenho grande admiração, achei um o vídeo de um Galpão Crioulo, onde estávamos juntos, eu com Luiz Marenco e ele com a sua Comparsa Elétrica em Frederico Westphalen no dia 20 de dezembro de 2010, o mesmo dia da final da XIII Jerra em Sta. Vitória do Palmar, juntamente com o Cristian Camargo e o Fabrício Moura, saimos na madrugada da final do festival para que eu pudesse chegar a tempo da gravação do Galpão Crioulo depois de 822km, mas o melhor de tudo é que passados 72 dias da Jerra, não recebemos a premiação...que que achô? vamo indo!



DIA 05 DE MARÇO - 20h
17º Rodeio Nacional Campo Dos Bugres
Pavilhões Da Festa Da Uva - Palco 01
Caxias Do Sul – RS
www.aluisiorockembach.com.br - http://twitter.com/arockembach
Escritório de Produção Mariana Ferreira
(53)9963.0391/8113.4124
Produção Executiva de Luiz Marenco
www.luizmarenco.com.br
contato@luizmarenco.com.br
mariana@rockembach.com.br


Barra do Chuí



Este ano estive apenas durante duas semanas no Balneário da Barra do Chuí no extremo sul do País, 290km de Pelotas, o lugar é daqueles que graças a Deus pararam no tempo. Extremamente bem centralizada, a Barra faz fronteira com o Uruguay, estando a 8km da cidade do Chuí, 12km da praia do Hermenegildo, e a poucos kms de vários passeios na República Oriental do Uruguay, Punta del Diablo, Punta Del Leste, Forte de Santa Teresa entre vários outros.


Estiveram comigo na Barra, preciosos amigos, deixo aqui algumas fotos destes encontros.



Aqui, o DVD ao vivo do Dúo Coplanacu, um presente que ganhei do meu amigo Sérgio Carvalho Pereira que voltava de Buenos Aires nestes dias, veio até a Barra do Chuí para uma visita, contar um pouco do variado cenário cultural porteño e nos dar um abraço. O Aluísio Rockembach e o Cristian Camargo passaram alguns por lá e depois o Marenco.





Corrientes

Hoje dia 15 de janeiro, retornando à casa, começo o relato sobre a viagem com Marenco, Rockembach, Parada, Girardi,e Nobre à capital da província de Corrientes_Corrientes. Saímos de Pelotas na terça 11, 6:00 da manhã, uma grande expectativa já envolvia a partida, mas para ser bem franco, a viagem para mim começou em Alegrete depois que acordei, o fim de semana anterior havia sido bastante corrido com uma viagem, estada de dois dias em Lages- SC e uma volta com certa pressa para chegar a tempo de dar um forte abraço no Aluísio e Pardal que fizeram parte da primeira turma a se formar no curso de Produção Fonográfica da UCPEL, uma grande festa com muita gente boa na propriedade dos Rockembach na localidade da Cascata em Pelotas, Paulo Timm, Martin César, Alessandro Gonçalves, Sérgio Carvalho Pereira, Fabrício Vasconcelos, Hélio Mandeco, Marenco, Cristian Camargo, Luciano Fagundes, foram alguns nomes que compareceram à formatura dos guris, num dia de emoções à flor da pele, muita carne e cerveja...mas voltando à Corrientes, cumpridos os devidos trâmites aduaneiros, entramos em território argentino entre mates, conversas, fotos, algumas paradas para descanso e para a conferência de documentos exigidos pela polícia caminera, muy tranquila por sinal. Chegamos à cidade de corrientes por volta das 23h, já hospedados no hotel Confiança na Calle Mendoza, seguimos para a janta, ao ar livre com uma temperatura próxima dos 30Cº, dali para 21ª Fiesta Nacional del Chamame e 7ª Fiesta del Mercosur no Anfiteatro Cocomarola, que era o nosso real objetivo, nossa apresentação estava marcada para a próxima noite, e fomos até lá conferir o festival.


De fala mansa e baixa, o povo corretino é extremamente cordial, atencioso e educado, mesmo sem credenciais, não tivemos problemas para entrar na festa e passar aos bastidores, estava no palco o dúo correntino Rudi y Nini Flores, fazendo sua apresentação para um público de 10.000 pessoas, ali, assistindo o recital encontramos nossos amigos correntinos Lúcio Yanel e Gicela Mendez Ribeiro , as apresentações em geral acontecem em tempos de 20 a 25min, com início por volta das 21h, estendendo-se até as 5:30h da madrugada, após o término inicia-se ao lado do anfiteatro uma peña chamamecera que termina ao amanhecer, o festival tem duração de uma semana, além da valorosa exaltação cultural, a Fiesta Nacional del Chamame tem um forte propósito religioso e estão sempre presentes o culto e os agradecimentos à Virgem de Itaty, padroeira de Corrientes. 


Com o peso argentino valendo 0,42 centavos do real brasileiro, o passeio torna-se bastante acessível, sendo possível usufruir de bons hotéis e gastronomia de qualidade a custo muito baixo, por lá encontramos vários amigos brasileiros.


Nossa apresentação aconteceu na noite de quarta feira 12, o festival teve transmissão ao vivo de rádio e tv na íntegra, o site www.tn.com.ar, transmitiu em boa qualidade todo o evento, recebemos muitos elogios de argentinos e brasileiros pela apresentação , Marenco esteve muito bem e o aplauso surgiu com força várias vezes, no imenso palco fomos acomodados bem à frente do público que aplaudiu fervorosamente quando o gaúcho brasileiro fez uma reverência à Pátria del Chamame. Outros colegas brasileiros que estiveram lá apresentando-se, foram Joca Martins, Luiz carlos Borges e o grupo Os Serranos, assistimos as apresentações dos grupos e artistas, Los Nuñes, Monchito Merlo, Ipu Porá, Coqui Ortiz, Jorge Fandermole, Antônio Tarrago Ros.

O amigo Diego Guterres de Encruzilhada do Sul, fez uma colaboração enviando fotos que tirou de sua câmera no evento.

Enviado ao Espeto Corrido


















Nos dias 18 e 19 de novembro aconteceu em Sta. Vitória do Palmar a XIII edição da Jerra da Canção, declarou o secretário de cultura e turismo em sua página no twitter( twitter.com/KININHODORNELES) "XIII Jerra foi sucesso total !!!!!!!! Valeu o esforço de todos !!! Obrigado a quem acreditou que seria possivel. !!!! Valeu !!!!!!!!", passado mais de um mês da data da realização do festival, músicos, compositores intérpretes e outros profissionais envolvidos de várias partes do Estado, não receberam a ajuda de custo tão pouco a premiação do festival. Fazer sucesso assim, de férias e telefone desligado no Hermena, até eu Secretário!

Foi Dia Destes na XIII Jerra







               Há mais ou menos uns sete anos atrás recebi do meu amigo e conterrâneo Christian Davesac, dois poemas pra musicar, eu estava me iniciando na função da composição, testando e sendo testado por ela, buscando a linha que me agradava, um terreno que nunca foi fácil pra mim... depois de tempos descobri que consigo compor por épocas, quando estou com muito trabalho nunca, tenho que ter tempo ocioso, pra começar a pensar numa melodia, normalmente o que me inspira é a própria música, gosto de estar sempre escutando coisas novas, e as vezes me topo com algo que me inspira, me remoça e me sinto atraído a pegar a guitarra e compor algo. Mas voltando...um destes poemas que o Davesac me presenteou se chamava "Foi Dia Destes", um tema que falava e retratava a nossa terra muito bem, geográfica e essencialmente, o poema não tinha sentimentalismos exagerados, nem palavras dessas que só existem nas letras festivaleiras, era real, tinha verdade, assim o entendi e osenti.  
       O tema foi enviado a uma das edições anteriores da Jerra da Canção de Sta. Vitória e não teve êxito na triagem, outra vez o mandei para a extinta Bicuíra no Cassino e por lá também não agradou, permaneceu no meu consumo por um largo período e encontrou seu ninho na querência mergulhona agora na XIII Jerra.
O festival não foi um exemplo de organização e pecou em vários aspectos, desde a triagem que não foi feita pelos jurados, até a participação de um profissional contratado para um trabalho extra palco, concorrendo em uma das composições...o alerta foi feito à comissão, que não viu problema...na minha opinião pessoal, uma falta de ética, uma vez que o evento envolve verba pública e nesses tempos de tanta corrupção, há que se ter o máximo de transparência possível...mas o público não soube disso, prestigiou e apreciou muito o evento... isso é só a minha opinião, o saldo creio ter sido positivo, pois a comissão também deu crédito à uma empresa de sonorização local, Dadá Som e Luz, e a Jerra que estava encantada há algum tempo, aconteceu, graças a Acofem.

Em frente...estiveram comigo grandes companheiros, gente de energia pura, limpa, que me ajudaram na construção do arranjo e a passar para o público essa energia, o guitarrón foi do Cristian Camargo, piano do Fernando Leitzke, baixo do Fabrício Pardal Moura, e o acordeon do Evandro Pires. A composição recebeu três prêmios o de melhor arranjo que ofereci para minha filha Sara, o de melhor letra para o Davesac e o 1º lugar que ofereci ao meu pai João Abilio Borges, que nos hospedou na Granja Mangueira durante o festival...também tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o cantor Vitor Hugo, que estava apresentando o festival, fez um elogio que me deixou contente, ao tema Pampa e Flor no disco da Juliana Spanevello.  

           








Fiquei feliz com o reconhecimento do trabalho, e dos conterrâneos, muitas pessoas me escreveram cumprimetando pelo êxito, fico agradecido e contente por ter feito um bom trabalho em casa. Deixo pra os que acessarem o suldeborges o tema gravado a 6 anos atrás com o acordeon do Aluísio Rockembach, fotos e um video captado pelo Jornal O Momento.
           Obrigado ao Wagner Viana, Davesac, Brasa, Jeja, João Abilio, Camargo, Leitzke, Pardal, Evandro, Alessandro Gonçalves, toda a equipe da sonorização do Dadá Som e Luz, a cobertura dos sites Conexão Sul, Jornal O Momento, e o Programa Alma Nativa.

Untitled from jornalomomento on Vimeo.



Foi dia destes.


Foi dia destes na cancela ouvindo o campo
Que andei pensando muy cismado de andejar
Vi meus passados pura cepa da minha gente
Junto à nascente colhendo jujos e butiás.

Perto do rancho um João de barro costumeiro
Cantava doce sob um céu de corunilha
Hoje o espelho da cacimba em seu silêncio
Guarda o incenso jasmineiro da capilha.


Nem mesmo o inverno que remoça a cada ano
Conhece os planos do Gonçalo até o Chuí
Mas sendo a Pátria minha noiva em cada enchente
Retorno sempre com mais flores para ti.


Foi dia destes que o meu mate acordou cedo
Olhou pro campo solitário e se calou
Viu que a estrada mesmo antiga ainda é a mesma
E sempre aguarda o que a infância já sonhou

Se até a alma viajeira dos Arminhos
Aquerenciou-se nas lagoas no Taim
Bebeu do apojo das manhãs da minha terra
Que por tão bela não cabe dentro de mim.




Gonçalo_referente ao Arroio São Gonçalo.


Arminho_espécie de Pato comum à região sul do RS.


No player abaixo está a versão da triagem da composição Foi Dia Destes.






Tempo e Memória_Paradouro do Bem Querer

(No momento em que a estupidez caminha sobranceira pelas calçadas, numa época em que a lágrima, às vezes o troféu maior da dor, já não sensibiliza tanto quanto deveria e a droga está de tocaia em todas as esquinas e repousa nos confortáveis dormitórios de tantos lares... As ruas e as praças são, diuturnamente, inundadas pelos restos dos desperdícios da insensatez... Submergem sonhos e esperanças nas águas turvas dos arroios mortos...)

Assim, exatamente com estas palavras Eron Vaz Mattos começou o texto para a abertura desta noite...




Vejam como está machucada a alma poeta, ela que nasceu para enxergar longe, e mostrar aos que estão pertos - a beleza do viver. Ela, que benzida sobre a inocência familiar, enxergaria o nítido e costumeiro com olhar valorizador... Não veio ao mundo para levar marcas negativas! Escreve os erros poetizando, não em julgamento, que não nos cabe, mas sim, em poesia escura pela situação atual da humanidade generalizada, que evidencia os valores do mau e descreve - dia-a-dia - a vitória do inimigo do bem, nos corações que perderam o melhor valor... numa porcentagem muito significante.



Estamos aqui... palavras, e melodias... sonorizando ou amplificando - pelo corpo físico - um dos maiores dons do espírito.



Não há sinais da existência sem a música, venha ela de onde vier...

A natureza canta e somos filhos dela, a natureza cura e buscamos nela o equilíbrio da mente para alcançarmos a sabedoria de transformar uma folha em alívio medicinal.

Seremos nesta noite inundados pelo valor maior do bem, infinitamente e elevadamente irmãos, no real sentido da palavra Amor. Vestido de solidariedade!!!



Somos esta noite a Liga Infinita De Combate A Desigualdade Do Espírito.

Seremos amanhã e diariamente, aprendizes de um ensinamento fundamental: que ser bom não é o mesmo que fazer o bem...



Alcanço a ti irmão natural, o que tenho de melhor, não me devolva, quando te aliviares, passa ao próximo...



E após isso canta ao vento tua melhor canção... ele saberá espalhar ao mundo a melhor prece escrita pela liga infinita de resgate ao bem do coração.



Será inaugurado, simbolicamente, na noite de 22 de dezembro de 2010, o projeto de construção da Pousada do Centro de Oncologia de Bagé.



Que carinhosamente batizaremos como: Parador Do Bem Querer.



Lisandro Amaral Brião

10 de novembro de 2010.

1ª Ronda Musical

21h no auditório do Museu Dom Diogo de Souza Bagé-RS



Luiz Marenco e Lisandro Amaral 



Acompanhados por:


Silvério Barcellos


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